Sonoridade das Madeiras Para Instrumentos Musicais
Existem dezenas de opções em madeiras para instrumentos musicais. Porém, pouca disponibilidade de madeira cortada, secada e tratada adequadamente para construção de violões, guitarras e baixos. Essas madeiras possuem cores, padrões, veios, texturas e densidades diferentes. No caso de madeira para construção de instrumentos, deve-se avaliar também a sonoridade da mesma. Batendo em uma ripa para escala, por exemplo, pode-se avaliar a qualidade da sonoridade do instrumento. O corte deve ser feito no sentido de extrair um padrão de texturas e veios, que são espelhados, no caso da construção de violões, para simetria visual.
Madeira usada para o corpo da guitarra tem características diferentes da madeira usada para o braço e escala. A escolha da madeira certa é item fundamental para um bom resultado final do projeto. Além do mais, a propagação do som, a vibração que a madeira proporcionará ao som do instrumento, é item importante. Cada tipo de madeira tem propriedades acústicas diferentes.
Para fabricação de instrumentos musicais, a madeira deve estar completamente seca, de preferência com secagem ao natural. Qualquer traço de umidade pode fazer com que a madeira trabalhe depois de construído o instrumento. Isso pode produzir indesejáveis deformações no corpo, braço e comprometer sua qualidade.
Secagem Adequada
Quando uma árvore é cortada, suas células estão cheias de água. Depois de beneficiada em vigas ou tábuas, seu teor de umidade começa a baixar, até atingir o equilíbrio com a umidade do ar no ambiente de secagem. A regra de ouro é um ano de secagem para cada centímetro de espessura da tábua. A secagem em estufa das madeiras para instrumentos musicais acelera o processo. Essa secagem em estufa pode alterar a cor e deformar a madeira, dependendo das condições.
Quando a madeira atinge o equilíbrio, continua trocando umidade com o ambiente em torno dela, dentro do local de armazenamento. Se a umidade aumenta, a madeira absorve essa umidade e cresce em dimensão. Absorção de umidade pode também provocar deformações e torção. Se o ar está mais seco que a madeira, essa pode encolher, perdendo umidade.
Ao comprar madeira para construção de instrumentos, verifique como foi feita a secagem. Se foi usado forno, ou se a secagem foi feita ao natural. Ao fazer um exame nas tábuas, verifique se as extremidades possuem rachaduras. Essas rachaduras podem ser cobertas com parafina ou cola mas denunciam uma secagem inadequada. Coloque ripas entre as tábuas, perto das extremidades, permitindo que o ar circule entre elas.
Características das Madeiras Para Instrumentos Musicais
As propriedades da madeira usada para construção de uma guitarra afetará suas características, depois de finalizada. Cada espécie produzirá um resultado diferente. É muito comum madeiras serem escolhidas por sua aparência, em detrimento do som. Muitas características são específicas e podem mudar de acordo com o ambiente em que a árvore cresceu, padrão de veios, cor, peso e densidade.
Quanto mais pesada a madeira usada no corpo, mais brilhante e definido o som, com melhor sustain. Madeiras leves no corpo produzem um som mais indefinido e menos sustain.
Madeiras para instrumentos acústicos são diferentes de madeiras para instrumentos sólidos, como guitarras e baixos. Madeiras diferentes são usadas para o tampo, laterais, fundo e irão influenciar e compor o som final do instrumento. A combinação usada deve produzir um som de qualidade mas deve ter também um bom apelo visual.
Timbre e sustain
O madeira usada para construção do braço é escolhida em função de sua aparência e peso, tendo alguma influência sobre a tonalidade do instrumento. Além do Jacarandá, o Ébano também ainda é muito usado em instrumentos de melhor qualidade. Proporciona som brilhante e excelente sustain.
Hoje em dia os laminados são largamente usados em instrumentos acústicos fabricados em escala industrial. O principal motivo é o preço e o apelo visual, em detrimento da qualidade sonora.
Um amador poderá não notar as pequenas diferenças na sonoridade entre madeiras diferentes usadas na construção de guitarras acústicas e elétricas mas um músico com ouvido mais apurado perceberá essas diferenças. Um bom exercício é ir até uma loja e testar diferentes guitarras, avaliando a qualidade do timbre e sustain. Confira nosso Curso de Manutenção de Guitarras, para entender um pouco mais sobre a construção desse instrumento.
Madeiras de uso comum entre os fabricantes de instrumentos musicais:
Mogno
O mogno é uma madeira moderadamente densa e de alta durabilidade. É muito usada para fundos, laterais e braço de guitarras acústicas. É também usado em corpos e braços de guitarras e baixos. Por sua sonoridade e durabilidade é também usado em banjos, bandolins, cavaquinhos e violões. Produz um equilíbrio entre o braço e corpo do instrumento. Sua cor marrom avermelhada é muito apreciada, além da sonoridade forte e excelente sustain.
Alder
Alder é uma madeira bastante leve e extremamente resistente. Muito usado pelos fabricantes de guitarras elétricas. Tem uma cor bronzeada naturalmente. É uma madeira porosa que possibilita muitos acabamentos. Guitarras com tampo maciço produzem um som mais rico. Foi e é muito usado na construção dos corpos das Fender. Suas características são um som cheio e limpo, além da beleza de seus veios, servindo para vernizes ou pinturas
Abeto
Abeto é muito utilizado para violões e guitarras acústicas. Tem uma cor amarelada e produz um alto grau de ressonância, sendo uma excelente combinação para guitarras acústicas.
Maple
Maple é uma madeira forte, densa e pesada. Muito usada para corpos e braços de guitarra porque sustenta diferentes tensões de cordas. Produz um tom brilhante e nítido e é usado em violões flamencos. Tem um belo padrão de veios, lembrando ondas. Uma das madeiras para instrumentos musicais mais usadas em guitarras.
Cedro
Cedro é uma madeira fácil de trabalhar, produz boas tonalidades. Não tem um apelo visual muito forte, mas ainda assim é muito usado por alguns fabricantes, por sua disponibilidade.
Jacarandá
O Jacarandá ainda é muito utilizado por luthiers de todo o mundo, por sua qualidade e beleza rara. Existem pequenas diferenças de tonalidades entre os Jacarandás brasileiro e indiano. A escolha pode ser feita em função de alguns fatores como disponibilidade, estética e preço.